terça-feira, 16 de outubro de 2012

De acéfalo a genial em uma temporada (Parte I)

Grande dupla!

De acéfalo a genial em uma temporada. Assim pode ser descrito o meio-campo do CSKA Moscow, que na campanha 2012-2013 é sem dúvida o mais talentoso da Russian Premier League e finalmente empolga, ainda que seja cedo para dizer se os resultados chegarão ou não (pelo menos nas competições europeias não chegaram).

Neste primeiro post vou comentar sobre como era o time até a temporada passada e quais eram seu principais defeitos.

A dependência de Doumbia e Love

Na temporada passada já escrevi sobre o CSKA, sugerindo uma mudança tática no time de Leonid Slutsky. Esta mudança girava em torno, principalmente, da pérola Alan Dzagoev, haja vista que ele atuava aberto pelo lado direito do campo.

Bom, este foi apenas um dos problemas do CSKA na última edição da RPL. Basicamente o time jogava em um 4-4-2 com Seydou Doumbia  e Vagner Love (até a saída do brasileiro) na frente. O doble pivot era formado por Aldonin e Mamaev. E este DP, cá entre nós, não era o mais habilidoso do mundo. Ainda que Aldonin tivesse um pouco mais de qualidade no passe, sua principal característica era a marcação. Mamaev, por outro lado, nem muita qualidade no passe tem.

Pelos flancos estavam o japonês Keisuke Honda (esquerda), que começou on fire a temporada; e Alan Dzagoev (direita), que não rendia de forma alguma na posição, tanto que até reclamou com Slutsky (o que não adiantou muito). Mesmo assim o time do exército começou vencendo -não jogava bem, mas vencia- e isso afastou um pouco as críticas.

A situação só mudou de figura quando Honda sofreu uma grave lesão no joelho, que o afastou da maior parte dos jogos do CSKA. Em tese, o cara para chamar a responsabilidade neste período turbulento seria Dzagoev, mas como Slutsky fez questão de deixar o garoto onde ele menos rende, sobrou para a dupla de ataque.

Todos sabem que tanto Love quanto Doumbia jogam dentro e fora da área. São atacantes fortes, velozes e muito habilidosos. E foi justamente o fato de serem completos que salvou o CSKA. Explico: em muitos jogos era comum ver um dos dois voltando até o meio-campo para buscar a bola. Também não era raro vê-los tabelando até o gol, sem que qualquer outro jogador viesse ajudar.

Mas, para desespero do já desesperado (desculpem, a redundância era inevitável) Slutsky, Love deixou o clube e tudo ficou nas costas de Doumbia. Necid acabara de se recuperar de uma lesão e ganhou uma chance que não aproveitou (e logo se machucou de novo).

A única coisa que Leonid Slutsky tinha a seu favor no momento era a pausa de inverno. Ela serviu para o CSKA se recuperar de sua derrocada e adicionar ao elenco dois jogadores que passariam a ser fundamentais nos play-offs: Ahmed Musa e Pontus Wernbloom. O sueco, contratado junto ao AZ, era um volante com verdadeira qualidade para sair jogando e poderia formar uma belíssima dupla com Aldonin. Musa não só supriria Honda, como também viria a ser titular revezando com Tosic pelas pontas.

Aliás, é importante mencionar Zoran Tosic. Até a pausa de inverno o sérvio passou de reserva a titular forçado mesmo sem jogar absolutamente nada. Nos play-offs tudo mudou e ele teve suas melhores atuações com a camisa da equipe moscovita.

O problema é que as constantes mudanças de esquema (de 4-4-2 para 4-2-3-1 várias vezes) pós-Vagner Love deixaram o CSKA sem um estilo próprio de jogo. Isso culminou não só em uma eliminação na Champions, mas também na terceira colocação na RPL.

Falei sobre esta radical mudança no CSKA Moscow também no podcast espanhol The Lineup.

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