domingo, 5 de agosto de 2012

Não dá mais!

Sergey Silkin.

A humilhante derrota do Dynamo Moscow frente ao Spartak (4x0, naquela que foi a melhor partida do time de Emery até o momento) aparentemente foi a gota d'água. Os comandados de Sergey Silkin não conseguem fazer sequer uma boa partida desde o início dos play-offs da passada edição da Russian Premier e, de quebra, perderam os três primeiros jogos da atual campanha sem marcarem nem um gol.

Esta súbita queda de produção do time da Cheka (primeira polícia secreta da URSS) é inexplicável, haja vista que a temporada regular em 2011-2012 foi muito boa. Basicamente Silkin estava substituindo interinamente o montenegrino Miodrag Bozovic, demitido logo no começo da competição. O russo estava na diretoria e era pouco provável que fosse permanecer no cargo.

Entretanto, para surpresa geral o Dynamo começou a jogar bem e vencer suas partidas. Silkin nem precisou mudar o esquema tático: ele manteve o 4-4-1-1, com Voronin nos 3/4 do campo e apenas Kevin Kuranyi na frente. Dada a vantagem do Zenit nem os mais otimistas cogitavam o título, mas uma vaga na Champions era muito provável.

Depois da temporada regular veio a pausa de inverno que antecedia os play-offs (método criado apenas para a modificação do calendário na Rússia) e, com ela, Silkin aproveitou para trazer dois reforços de peso no cenário nacional: Christian Noboa e Balázs Dzsudzsák (este último passou pouco tempo no Anzhi e já se transferiu para o time da capital).

Quando os play-offs começaram, tudo mudou. As incorporações de Silkin foram mais problemáticas que satisfatórias e o Dynamo, inexplicavelmente, passou a jogar muito mal. Noboa e Semshov não conseguiam atuar lado a lado de forma alguma -por suas características- mas mesmo assim o técnico fazia sempre questão de insistir na dupla. Lá na frente Kuranyi, que já não marcava muitos gols, tornou-se completamente apático e nem ajudava na construção das jogadas.

Mas a "perda", por assim dizer, mais sentida no Dynamo foi a de Andriy Voronin. Ele não saiu do time, mas também passou a ter atuações ridículas. Sendo ele o "termômetro" dos Dinamiki a coisa realmente ficou feia. Silkin, na tentativa de mudar alguma coisa, foi incorporando aos poucos o bósnio Misimovic. Mas tal medida também não surtiu efeito e ele acabava voltando a apelar para Voronin. Ficou nisso até que o Dynamo terminou a temporada com uma vaga na pré-eliminatória da UEL.

Antes do início da RPL 2012-2013 Silkin já aprontou uma das suas: misteriosamente não fez questão de renovar o contrato com Samedov (segundo melhor jogador do Dynamo na última campanha) e deixou que ele fosse para o Lokomotiv. Se isso foi parar dar mais espaço para Dzsudzsák -que joga pela direita enquanto o ótimo Kokorin faz o lado esquerdo- não funcionou. O húngaro também não jogou nada.

Dois reforços interessantes chegaram: o interior Otman Bakkal, que estava bem no Feyenoord e ainda nem estreou; e o zagueiro croata Gordon Schidenfeld. Este último entrou em uma "fogueira" danada, colocou Leandro Fernández no banco, mas também não correspondeu (se bem que não podemos jogar toda a responsabilidade sobre suas costas).

Se passaram três rodadas da RPL e o Dynamo foi basicamente humilhado (sinto ser repetitivo, mas é verdade!) nos três primeiros jogos. Seria normal perder para Zenit e Spartak Moscow, mas não da forma como isso aconteceu. A derrota para o Volga (que está jogando bem com Gadzhiev no banco), por outro lado, não é aceitável.

O mais curioso é que durante a inter-temporada alguns veículos de comunicação russos divulgaram a notícia de que Silkin fora demitido. Pouco depois disso a diretoria desmentiu e alegou ter renovado seu contrato por mais um ano. Ou seja, o presidente Yuri Isayev resolveu bancar o técnico mesmo após os desentendimentos com Kuranyi, Semshov e Voronin. Foi uma arriscada prova de confiança.

Isayev sabia onde estava pisando quando acreditou em Silkin. Ele sabia que algo poderia dar errado. O desempenho nos play-offs deixou isso muito claro. Agora a situação do treinador é insustentável e não há como acreditar que ele fará esta equipe melhorar.


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